Rei Minos de Creta: o pai do Minotauro

Rei Minos de Creta: o pai do Minotauro
James Miller

Minos foi o grande rei da antiga Creta, que era o centro do mundo grego antes de Atenas. Reinou durante a época agora conhecida como a Civilização Minóica, e a mitologia grega descreve-o como um filho de Zeus, imprudente e furioso. Criou o Grande Labirinto para aprisionar o seu filho, o Minotauro, e tornou-se um dos três juízes do Hades.

Quem eram os pais do rei Minos?

Segundo a mitologia grega, Minos era um dos filhos do deus grego Zeus, rei dos deuses do Olimpo, e da princesa fenícia Europa. Quando Zeus se apaixonou pela bela mulher, para desgosto da sua legítima esposa, Hera, transformou-se num belo touro. Quando ela saltou para o dorso do touro, ele lançou-se ao mar e levou-a para a ilha de Creta.

Uma vez lá, deu-lhe muitos presentes feitos pelos deuses e ela tornou-se sua consorte. Zeus recriou o touro nas estrelas, formando a constelação de Touro.

Europa tornou-se a primeira rainha de Creta e o seu filho, Minos, tornou-se rei pouco depois.

Qual é a etimologia do nome Minos?

De acordo com muitas fontes, o nome Minos pode significar simplesmente "Rei" na antiga língua cretense. O nome Minos aparece em cerâmicas e murais que foram criados antes do surgimento da Grécia antiga, sem qualquer tentativa de deixar claro que se refere à realeza.

Alguns autores modernos afirmam que Minos pode ser um nome que nasceu de um mito astronómico, uma vez que a sua mulher e linhagem estão frequentemente ligadas a deuses do sol ou das estrelas.

Onde é que Minos governou?

Este líder de Creta parecia governar um império que existia antes da Grécia, e a sua vida só se tornou um mito após a queda da sua cidade.

Minos, rei de Creta, governou a partir de um grande palácio em Cnossos, cujos vestígios ainda hoje existem. Diz-se que o palácio de Cnossos foi construído algures antes de 2000 a.C. e estima-se que a cidade circundante tenha tido uma população de cerca de cem mil cidadãos.

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Knossos era uma grande cidade na costa norte de Creta, com dois grandes portos, centenas de templos e uma opulenta sala do trono. Embora nenhuma escavação tenha posto a descoberto o famoso "Labirinto do Minotauro", os arqueólogos estão a fazer novas descobertas atualmente.

Ferramentas encontradas perto do sítio de Knossos mostraram que os humanos estão na ilha de Creta há mais de 130 mil anos. A grande e montanhosa ilha, situada na foz do mar Egeu, tem sido o local de importantes portos desde há milénios e até desempenhou um papel importante na Segunda Guerra Mundial.

O que foi a civilização minóica?

A civilização minóica foi um período durante a Idade do Bronze, em que Creta se tornou um dos centros mais importantes do mundo, tanto a nível comercial como político. Decorreu entre 3500 e 1100 a.C., antes de ser tomada pelo império grego. O império minoico é considerado a primeira civilização avançada da Europa.

O termo "minóica" foi atribuído à civilização pelo arqueólogo Arthur Evans. No ano de 1900, Evans começou a escavar uma colina no norte de Creta, descobrindo rapidamente o palácio perdido de Knossos. Durante os trinta anos seguintes, o seu trabalho constituiu a pedra angular de toda a investigação sobre a história antiga da época.

A civilização minóica era muito avançada. Os edifícios de quatro andares eram comuns em Cnossos e a cidade tinha um aqueduto e sistemas de canalização bem desenvolvidos. A cerâmica e a arte recuperadas de Cnossos contêm pormenores intrincados não vistos em obras mais antigas, enquanto o papel da cidade na política e na educação se reflecte na descoberta de tabuletas e dispositivos como o Disco de Phaistos.

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Durante o século XV a.C., uma gigantesca explosão vulcânica destruiu a ilha de Thera. Diz-se que a destruição resultante causou a destruição de Knossos, marcando o início do fim do período minoico. Enquanto Creta se reconstruía, Knossos deixava de ser o centro do mundo antigo.

O Minotauro é o filho de Minos?

A criação do Minotauro foi uma consequência direta da arrogância do rei Minos e da forma como este ofendeu o deus do mar Poseidon. Embora tecnicamente não fosse filho de Minos, o rei sentia-se responsável por ele como qualquer outro filho.

Poseidon era um deus importante para o povo de Creta e, para ser reconhecido como seu rei, Minos sabia que tinha de fazer um grande sacrifício. Poseidon criou um grande touro branco do mar e enviou-o para ser sacrificado pelo rei. No entanto, Minos queria ficar com o belo touro para si próprio. Trocando-o por um animal normal, fez o falso sacrifício.

Como Pasífae, rainha de Creta, se apaixonou por um touro

Pasífae era filha do deus do sol Hélios e irmã de Circe. Bruxa e filha de um titã, era poderosa por direito próprio, mas ainda assim era apenas mortal e suscetível à ira dos deuses.

Segundo Diodoro Siculus, Poseidon fez com que a rainha Pasífae se apaixonasse pelo touro branco. Obcecada por ele, a rainha pediu ao grande inventor Dédalo que construísse um touro de madeira onde se pudesse esconder para ter relações sexuais com o animal de Poseidon.

Pasífae engravidou do seu namoro e acabou por dar à luz o grande monstro Astério. Metade homem, metade touro, ele era o Minotauro.

Assustado com este novo monstro, Minos encarregou Dédalo de criar um complexo labirinto para prender Astério. Para manter o segredo do minotauro e para castigar o inventor pela sua participação na criação, o rei Minos aprisionou Dédalo e o seu filho Ícaro junto do monstro.

Porque é que Minos mandou sacrificar pessoas no Labirinto?

Um dos filhos mais famosos de Minos foi o seu filho Androgeu, grande guerreiro e desportista, que assistia frequentemente aos jogos em Atenas. Como vingança pela sua morte, Minos insistiu no sacrifício de jovens atenienses de sete em sete anos.

Apesar de ser um simples mortal, Androngeu pode ter sido tão poderoso e habilidoso como Héracles ou Teseu. Todos os anos viajava para Atenas para competir nos jogos organizados para venerar os deuses. Num desses jogos, Androngeu terá ganho todos os desportos em que participou.

Segundo o Pseudo-Apolodoro, o rei Egeu pediu ao grande guerreiro que matasse o mitológico "Touro de Maratona" e o filho de Minos morreu na tentativa, mas nos mitos de Plutarco e noutras fontes, diz-se que Egeu simplesmente mandou matar a criança.

Minos acreditava que a morte do seu filho tinha sido provocada pelo povo de Atenas e tencionava fazer guerra à cidade, mas o grande oráculo de Delfos sugeriu que se fizesse uma oferenda.

De sete em sete anos, Atenas devia enviar "sete rapazes e sete raparigas, desarmados, para servirem de alimento aos Minotauros".

Como é que Teseu matou o Minotauro?

Muitos historiadores gregos e romanos registam a história de Teseu e das suas viagens, incluindo Ovídio, Virgílio e Plutarco. Todos concordam que Teseu conseguiu evitar perder-se no Grande Labirinto graças a um presente da filha de Minos; um fio que lhe tinha sido dado por Ariadne, a filha de Minos.

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Teseu, o grande herói de muitos mitos gregos, estava a descansar em Atenas, depois de uma das suas muitas grandes aventuras, quando ouviu falar dos tributos ordenados pelo rei Minos. Era o sétimo ano e os jovens eram escolhidos por sorteio. Teseu, achando isto terrivelmente injusto, ofereceu-se para ser uma das pessoas enviadas a Minos, anunciando que tencionava acabar com os sacrifícios de uma vez por todas.

Ao chegar a Creta, Teseu conheceu Minos e a sua filha Ariadne. Era tradição que os jovens fossem bem tratados até serem obrigados a entrar no Labirinto para enfrentar o Minotauro. Durante esse tempo, Ariadne apaixonou-se pelo grande herói e decidiu revoltar-se contra o pai para manter Teseu vivo. Ela não sabia que o monstro hediondo era, na verdade, seu meio-irmão, pois Minos tinha guardadoisto é um segredo para todos, exceto para Dédalo.

Nas "Heroides" de Ovídio, conta-se que Ariadne deu a Teseu um longo carretel de fio. Este atou uma das pontas à entrada do Labirinto e, seguindo-o sempre que chegava a um beco sem saída, conseguiu penetrar no seu interior, onde matou o Minotauro com uma "clava atada", antes de voltar a seguir o fio para o exterior.

Ao escapar do labirinto, Teseu reuniu os restantes jovens, bem como Ariadne, e fugiu da ilha de Creta. Infelizmente, porém, depressa traiu a jovem, abandonando-a na ilha de Naxos.

No poema, Ovídio regista as lamentações de Ariadne:

"E quem dera que a tua mão direita levantada, ó Teseu, não tivesse matado com uma clava nodosa aquele que em parte era homem e em parte era touro, e que eu não te tivesse dado o fio para mostrar o caminho do teu regresso - fio que foi apanhado de novo e atravessadoNão me admiro - ah, não! - se a vitória fosse tua, e o monstro ferisse com o seu comprimento a terra cretense. O seu chifre não poderia ter perfurado esse teu coração de ferro."

Como é que Minos morreu?

Minos não culpou Teseu pela morte do seu filho monstruoso, mas ficou furioso com a descoberta de que, durante esse tempo, Dédalo também tinha fugido. Durante as suas viagens para encontrar o engenhoso inventor, foi traído e morto.

Depois dos famosos acontecimentos em que Ícaro morreu por ter voado demasiado perto do sol, Dédalo sabia que tinha de se esconder se quisesse escapar à ira de Minos. Decidiu viajar para a Sicília, onde foi protegido pelo rei Cocalo. Em troca da sua proteção, trabalhou arduamente. Enquanto esteve protegido, Dédalo construiu a acrópole de Camicus, um lago artificial e banhos quentes que se dizia terem propriedades curativas.

Minos sabia que Dédalo precisaria da proteção de um rei para sobreviver e estava determinado a perseguir e castigar o inventor. Por isso, desenvolveu um plano inteligente.

Viajando por todo o mundo, Minos aproximava-se de cada novo rei com um enigma. Tinha uma pequena concha de nautilus e um pedaço de fio. O rei que conseguisse passar o fio pela concha sem a partir teria grandes riquezas oferecidas pelo grande e rico Minos.

Muitos reis tentaram, mas todos falharam.

O rei Cocalo, ao saber do enigma, sabia que o seu pequeno e inteligente inventor seria capaz de resolvê-lo. Sem contar a origem do enigma, pediu a Dédalo uma solução, que ele imediatamente ofereceu.

"Amarre uma formiga a uma extremidade do fio e coloque um pouco de comida do outro lado da concha", disse o inventor. "Ela seguirá facilmente".

Tal como Teseu foi capaz de seguir o Labirinto, a formiga foi capaz de enfiar a concha sem a partir.

Para Minos, isso era tudo o que precisava de saber. Não só Dédalo estava escondido na Sicília, como também conhecia a falha na conceção do labirinto - a falha que causou a morte do seu filho e a fuga da sua filha. Minos disse a Cocalo para entregar o inventor ou preparar-se para a guerra.

Agora, graças ao trabalho de Dédalo, a Sicília tinha florescido. Cocalo não estava disposto a abandoná-lo e, em vez disso, conspirou para matar Minos.

Enquanto Minos se banhava, as filhas de Cocalo despejaram água a ferver (ou alcatrão) sobre o rei, matando-o.

Segundo Diodoro Siculus, Cocalus anunciou então que Minos tinha morrido ao escorregar no banho e que devia ser objeto de um grande funeral. Gastando uma grande fortuna nas festividades, o siciliano conseguiu convencer o resto do mundo de que se tratava verdadeiramente de um acidente.

O que aconteceu ao rei Minos depois da sua morte?

Após a sua morte, Minos foi encarregado de desempenhar um papel especial como um dos três juízes do submundo de Hades, ao qual se juntaram o seu irmão Rhadamanthus e o seu meio-irmão Aeacus.

Segundo Platão, no seu texto Górgias, "a Minos darei o privilégio da decisão final se os outros dois tiverem dúvidas; para que o julgamento desta viagem da humanidade seja supremamente justo".

Esta história foi repetida no famoso poema de Virgílio, "A Eneida".

Minos também aparece no "Inferno" de Dante. Neste texto italiano mais moderno, Minos senta-se no portão do segundo círculo do Inferno e decide a que círculo pertence um pecador. Tem uma cauda que se enrola à sua volta, e esta imagem é a forma como passa a ser representado em grande parte da arte da época.




James Miller
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James Miller é um aclamado historiador e autor apaixonado por explorar a vasta tapeçaria da história humana. Formado em História por uma universidade de prestígio, James passou a maior parte de sua carreira investigando os anais do passado, descobrindo ansiosamente as histórias que moldaram nosso mundo.Sua curiosidade insaciável e profundo apreço por diversas culturas o levaram a inúmeros sítios arqueológicos, ruínas antigas e bibliotecas em todo o mundo. Combinando pesquisa meticulosa com um estilo de escrita cativante, James tem uma habilidade única de transportar os leitores através do tempo.O blog de James, The History of the World, mostra sua experiência em uma ampla gama de tópicos, desde as grandes narrativas de civilizações até as histórias não contadas de indivíduos que deixaram sua marca na história. Seu blog serve como um hub virtual para os entusiastas da história, onde eles podem mergulhar em emocionantes relatos de guerras, revoluções, descobertas científicas e revoluções culturais.Além de seu blog, James também é autor de vários livros aclamados, incluindo From Civilizations to Empires: Unveiling the Rise and Fall of Ancient Powers e Unsung Heroes: The Forgotten Figures Who Changed History. Com um estilo de escrita envolvente e acessível, ele deu vida à história para leitores de todas as origens e idades.A paixão de James pela história vai além da escritapalavra. Ele participa regularmente de conferências acadêmicas, onde compartilha suas pesquisas e se envolve em discussões instigantes com outros historiadores. Reconhecido por sua expertise, James também já foi apresentado como palestrante convidado em diversos podcasts e programas de rádio, espalhando ainda mais seu amor pelo assunto.Quando não está imerso em suas investigações históricas, James pode ser encontrado explorando galerias de arte, caminhando em paisagens pitorescas ou saboreando delícias culinárias de diferentes cantos do globo. Ele acredita firmemente que entender a história de nosso mundo enriquece nosso presente e se esforça para despertar essa mesma curiosidade e apreciação em outras pessoas por meio de seu blog cativante.