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Marcha e treino físico
A primeira coisa que os soldados aprendiam a fazer era marchar. O historiador Vegetius diz-nos que era considerado da maior importância para o exército romano que os seus soldados pudessem marchar a grande velocidade. Qualquer exército que estivesse dividido por retardatários na retaguarda ou por soldados que marchassem a velocidades diferentes seria vulnerável a ataques.
Assim, desde o início, o soldado romano foi treinado para marchar em linha e para manter o exército como uma unidade de combate compacta e em movimento. Para isso, diz-nos Vegetius, durante os meses de verão, os soldados deviam marchar vinte milhas romanas (18,4 milhas/29,6 km), que tinham de ser completadas em cinco horas.
Veja também: Themis: Deusa Titã da Lei Divina e da OrdemO treino militar de base incluía também o exercício físico: Vegetius menciona a corrida, o salto em comprimento e em altura e o transporte de cargas pesadas. Durante o verão, a natação também fazia parte do treino: se o acampamento fosse perto do mar, de um lago ou de um rio, todos os recrutas eram obrigados a nadar.
Veja também: Armas romanas: Armas e armaduras romanasTreino com armas
A seguir ao treino de marcha e de preparação física, vinha o treino de manuseamento de armas, para o qual se utilizavam principalmente escudos de vime e espadas de madeira. Tanto os escudos como as espadas eram fabricados de acordo com normas que os tornavam duas vezes mais pesados do que as armas originais. Evidentemente, pensava-se que, se um soldado pudesse lutar com estas armas pesadas, seria duas vezes mais eficaz comos correctos.
As armas fictícias eram inicialmente utilizadas contra pesadas estacas de madeira, com cerca de 1,5 m de altura, e não contra os seus colegas soldados, contra os quais o soldado treinava os vários movimentos, golpes e contragolpes com a espada.
Só quando os recrutas eram considerados suficientemente capazes de lutar contra as estacas é que eram colocados em pares para treinar em combate individual.
Esta fase mais avançada do treino de combate chamava-se armatura, uma expressão que foi utilizada pela primeira vez nas escolas de gladiadores, o que prova que alguns dos métodos utilizados no treino dos soldados foram efetivamente emprestados das técnicas de treino dos gladiadores.
O treino de armas era considerado de tal importância que os instrutores de armas recebiam geralmente rações duplas, enquanto os soldados que não atingiam padrões adequados recebiam rações inferiores até provarem na presença de um oficial de alta patente que tinham atingido(rações inferiores: Vegetius afirma que as suas rações de trigo foram substituídas por cevada).
Depois de terminado o treino inicial com a espada, o recruta devia dominar o uso da lança, o pilum, para o que se utilizavam novamente as estacas de madeira como alvos. O pilum utilizado para o treino tinha, mais uma vez, o dobro do peso da arma normal.
Vegetius refere que o treino de armas era tão importante que, em alguns locais, foram construídas escolas de equitação e salas de treino cobertas para permitir que o treino continuasse durante o inverno.