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O nó górdio refere-se a uma história da mitologia grega, mas também é uma metáfora atual. Tal como acontece com as frases "abrir a caixa de Pandora", "toque de Midas" ou "calcanhar de Aquiles", podemos já nem sequer ter conhecimento das histórias originais. Mas elas são interessantes e informativas, pois dão-nos uma visão da vida e da mente das pessoas da época. O que é exatamente um nó górdio?
O que é o nó górdio?
Alexandre o Grande cortando o nó górdio - Uma ilustração de Antonio TempestaTal como a lenda da caixa de Pandora ou do calcanhar de Aquiles, o nó górdio é uma lenda da Grécia antiga que tem como protagonista o rei Alexandre. Diz-se que Alexandre foi o homem que cortou o nó. Não se sabe se se trata de uma história verdadeira ou simplesmente de um mito. Mas é indicada uma data muito específica para o acontecimento - 333 a.C. - o que pode indiciar que se tratou de um facto real.
A expressão "nó górdio" é uma metáfora que se refere a um problema intrincado ou complicado que pode ser resolvido de uma forma não convencional (por exemplo, cortando o nó em vez de o tentar desatar). Assim, a metáfora pretende encorajar a pensar fora da caixa e a encontrar soluções criativas para um problema intratável.
Lenda grega sobre o nó górdio
A lenda grega do Nó Górdio é sobre o rei Alexandre III da Macedónia (mais conhecido como Alexandre, o Grande) e um homem chamado Górdio, o rei da Frígia. Esta história encontra-se não só na mitologia grega, mas também na mitologia romana. O conto do Nó Górdio tem algumas versões diferentes e foi interpretado de diferentes maneiras.
Górdio e Alexandre, o Grande
Os frígios da Anatólia não tinham um rei. Um oráculo declarou que o próximo homem que entrasse na cidade de Telmissus num carro de bois seria o futuro rei. A primeira pessoa que o fez foi Górdio, um camponês que conduzia um carro de bois. Profundamente humilhado por ter sido declarado rei, o filho de Górdio, Midas, dedicou o carro de bois ao deus Sabázio, o equivalente frígio do Zeus grego. Amarrou-o a umEste nó era considerado impossível de desembaraçar, uma vez que era composto por vários nós, todos apertados entre si.
Alexandre, o Grande, chegou ao local anos mais tarde, no século IV a.C. Os reis frígios tinham desaparecido e o país tinha-se tornado uma província do Império Persa. Mas o carro de bois continuava amarrado ao poste na praça pública da cidade. Um outro oráculo tinha decretado que a pessoa que desfizesse o nó governaria toda a Ásia. Ao ouvir tais palavras de grandeza prometida, Alexandre decidiuresolver o problema do nó górdio.
Veja também: Como morreu Cleópatra? mordida por uma cobra egípciaAlexandre tentou descobrir como desatar o nó, mas não conseguia ver onde estavam as pontas da corda. Por fim, decidiu que não importava como o nó estava desatado, mas apenas que estava. Então, desembainhou a espada e cortou o nó ao meio com a espada. Como conquistou a Ásia, pode dizer-se que a profecia se cumpriu.
Variações da história
Na mitologia romana, o nó górdio encontrava-se na cidade de Górdio, na Ásia Menor. Depois de Górdio se ter tornado rei, terá dedicado o seu carro de bois a Júpiter, a versão romana de Zeus ou Sabázio, e o carro permaneceu aí amarrado até o nó górdio ser cortado pela espada de Alexandre.
Veja também: Héstia: Deusa grega da lareira e do larNo relato popular, Alexandre parece ter empreendido a ação muito ousada de cortar o nó, o que tornaria a história mais dramática. Outras versões da história dizem que ele pode ter simplesmente puxado o pino do poste onde a carroça estava amarrada, o que teria exposto as duas extremidades da corda e facilitado o seu desatamento. Seja qual for o caso, Alexandre aindautilizou meios não convencionais para resolver um problema difícil.
Os reis da Frígia
Na antiguidade, as dinastias podiam governar uma terra pelo direito de conquista. No entanto, os historiadores sugerem que os reis frígios da Ásia Menor eram diferentes. Foi sugerido que os frígios eram reis-sacerdotes. Em todo o estudo que foi feito sobre o nó górdio, nenhum estudioso afirmou que o nó era absolutamente impossível de desfazer.
Se os reis da Frígia eram de facto sacerdotes, com laços estreitos com o oráculo, então pode ser que o oráculo lhes tenha mostrado o truque para manipular o nó. O académico Robert Graves teoriza que o conhecimento pode ter sido transmitido durante gerações e conhecido apenas pelos reis da Frígia.
No entanto, o carro de bois parece referir-se a uma longa viagem empreendida pelo fundador da dinastia para chegar à cidade, o que parece sugerir que os reis frígios não eram uma antiga classe sacerdotal que governava a cidade, mas forasteiros que vieram a ser reconhecidos como reis devido a algum tipo de razões religiosas ou espirituais. Por que outra razão seria o carro de bois o seu símbolo?
Os reis frígios não governaram provavelmente por conquista, uma vez que o seu símbolo duradouro era o modesto carro de bois e não um carro de guerra. Estavam obviamente aliados a uma divindade oracular local sem nome. Quer o fundador da dinastia fosse ou não o camponês epónimo, o facto de serem estranhos a Telmissus parece ser uma conclusão lógica.
FrígiosNa Idade Moderna
O nó górdio é utilizado como metáfora nos tempos modernos, especialmente em situações empresariais ou profissionais. Os funcionários de várias empresas são encorajados a usar a sua criatividade e iniciativa para ultrapassar vários desafios que podem encontrar no trabalho e nas relações interpessoais no escritório.
Para além de ser uma simples metáfora, vários estudiosos e investigadores têm ficado intrigados com a ideia do nó e com a forma exacta como pode ter sido atado. Físicos e biólogos da Polónia e da Suíça tentaram reconstruir o nó a partir de matéria física real e ver se é possível desvendá-lo. Até agora, essas tentativas não foram bem sucedidas.