Aos olhos dos romanos, o amor era irrelevante para o sucesso de um casamento.
Veja também: A Primeira Máquina Fotográfica de Sempre: Uma História das Máquinas FotográficasO casamento existia para dar filhos. O amor era uma coisa bem-vinda, mas de modo algum necessária. E, em muitos aspectos, era visto como algo muito ridículo. Diminuía a capacidade de pensamento racional. Por isso, estar apaixonado não era algo a invejar.
De qualquer modo, tal como era considerado socialmente inaceitável falar de sexo, também era considerado indecente fazer demonstrações públicas de afeto amoroso. Assim, os casais não se beijavam em público - nem sequer um simples beijo na cara.
Há exemplos de atitudes romanas em relação ao amor: a devoção de Pompeu à sua jovem esposa Júlia (filha de César) era vista apenas como uma fraqueza efeminada; o afeto do velho Catão pela escrava com quem acabou por casar era visto como o desejo patético de um velho lascivo.
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A cama no átrio das casas romanas era uma lembrança simbólica da própria razão de ser do casamento, os filhos. Assim, acredita-se que os casamentos romanos eram, em grande parte, assuntos contratuais, desprovidos de amor. Por isso, as relações sexuais entre marido e mulher eram, muito provavelmente, reduzidas ao mínimo e, depois, apenas com o objetivo de produzir descendência.
As tradições sociais obrigavam as esposas grávidas a abster-se de sexo e, após o parto, continuavam a fazê-lo durante um período de dois a três anos, enquanto continuavam a amamentar a criança.
Veja também: Hermes: Mensageiro dos Deuses GregosA mulher tinha o dever de procurar gerar filhos com o marido, tal como tinha o dever de não o trair com adversários políticos ou de não o envergonhar com comportamentos impróprios em público. Era uma companheira não no amor, mas na vida.
O seu papel, caso ele morresse, estava claramente definido: ela lamentar-se-ia, choraria e coçaria as bochechas numa demonstração pública de tristeza. A sua família choraria e ela também.
A fides da esposa romana mostrava-se talvez mais claramente quando não conseguia gerar filhos, devido à infertilidade. Se possível, afastava-se e pedia o divórcio, regressando à casa do pai, para que o marido voltasse a casar e gerasse um herdeiro. Se tal não fosse possível, era considerado correto que ela permitisse que ele tivesse concubinas e não mostrasse ciúmes em relação a elas.
Em suma, a mulher romana aparece como uma criatura faminta de amor, que anseia por qualquer sinal de afeto por parte do marido, o qual, por sua vez, faz o seu melhor para não o fazer.
A reputação dos homens famosos que demonstraram verdadeiramente o seu amor, homens como Pompeu ou Marco António, mostra até que ponto o seu comportamento era frágil. Pois apaixonar-se, ficar enfeitiçado por uma mulher, era estar sob o seu poder. E a imagem do marido dominador era algo que qualquer romano procurava evitar a todo o custo.